Foto: Reprodução
Pelo menos 115 pessoas perderam a vida após fortes chuvas causarem graves enchentes na região central da Nigéria, conforme informou o serviço nacional de emergências nesta sexta-feira (30/05). A tragédia ocorreu entre a noite de quarta e a madrugada de quinta-feira, afetando especialmente a cidade de Mokwa e comunidades próximas, às margens do Rio Níger, no estado de Níger.
As autoridades temem que o número de mortos continue a crescer, já que muitas pessoas seguem desaparecidas. Equipes de resgate permanecem em operação, vasculhando a área atingida. “Até agora, localizamos 115 corpos, mas o número deve aumentar. A força da correnteza arrastou muitas vítimas para longe”, declarou Ibrahim Audu Husseini, porta-voz da Agência de Gestão de Emergências do Estado de Níger.
A Agência Nacional de Gestão de Emergências classificou o desastre como uma “inundação sem precedentes”. Militares e policiais foram mobilizados para auxiliar nos esforços de resgate e assistência.
Moradores enfrentam perdas irreparáveis
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram bairros inteiros submersos, com apenas os telhados ainda visíveis acima das águas barrentas. Habitantes, com a água pela cintura, tentam recuperar pertences ou salvar vizinhos.
Entre os relatos emocionantes está o de Mohammed Tanko, de 29 anos, que apontou para a casa onde cresceu e disse: “Perdemos ao menos 15 pessoas aqui. Tudo foi destruído.” Já o pescador Danjuma Shaba, de 35, contou que passou a noite em um estacionamento ao relento, pois sua casa desabou completamente. Sabuwar Bala, vendedora de inhame de 50 anos, relatou que mal teve tempo de fugir: “A água subiu tão rápido que nem consegui trocar de roupa. Agora, nem sei onde minha casa ficava.”
Chuva intensa e infraestrutura precária
As chuvas intensas marcam o início da estação chuvosa, que se estende por cerca de seis meses. No entanto, a infraestrutura deficiente, como sistemas de drenagem inadequados e construções em áreas de risco, tende a agravar os efeitos dos temporais.
A agência nacional alertou que esse tipo de catástrofe é agravado pelo descarte incorreto de lixo e pela ocupação de áreas de escoamento natural das águas. “Este evento trágico reforça a necessidade urgente de proteger e manter os canais de drenagem e os leitos dos rios desobstruídos”, destacou a entidade em nota oficial.
Crise humanitária agravada
Além dos danos imediatos causados pelas enchentes, a Nigéria já enfrenta uma grave crise humanitária provocada por anos de insurgência do grupo extremista Boko Haram. A combinação de desastres naturais e conflitos internos eleva o sofrimento da população.
Nos últimos anos, as enchentes têm sido particularmente devastadoras. Em 2024, mais de 1.200 pessoas morreram e cerca de 1,2 milhão ficaram desabrigadas em pelo menos 31 dos 36 estados do país. Em 2022, as inundações mataram mais de 600 pessoas.
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