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Após décadas de operação marcadas por dívidas e irregularidades fiscais, a Usina Taquara, situada no município de Colônia Leopoldina, no interior de Alagoas, encerrou definitivamente suas atividades. O fechamento da unidade resultou na dispensa de aproximadamente 2.500 trabalhadores, entre funcionários diretos e indiretos, muitos dos quais não recebem salários há meses.
A decisão, embora surpreendente para parte da população local, já era considerada iminente por autoridades municipais e representantes sindicais, em razão da situação financeira crítica da empresa. A usina acumulava débitos milionários com os fiscos estadual e federal, além de obrigações previdenciárias e trabalhistas não cumpridas.
De acordo com o secretário de Governo de Colônia Leopoldina, Manú Andrade, o episódio representa um duro golpe para a economia local. “É um momento muito triste para todos. A orientação aos ex-funcionários é que busquem a Justiça para tentar garantir seus direitos”, afirmou.
Dívidas ultrapassam R$ 400 milhões
Conforme dados da Secretaria da Fazenda do Estado de Alagoas, a inscrição estadual da Usina Taquara foi suspensa, e a empresa constava, até março deste ano, com dívidas declaradas de R$ 276,7 milhões. Deste total, R$ 8,6 milhões referem-se apenas ao não pagamento de IPVA de veículos vinculados à empresa. Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de bens e o leilão de ativos como forma de assegurar a quitação parcial dos débitos.
Outros passivos fiscais incluem R$ 298,9 milhões em ICMS, além de R$ 50,4 milhões em contribuições à Previdência Social e R$ 84,2 milhões relativos ao FGTS. A situação foi agravada por denúncias de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, que resultaram em decisões judiciais determinando a paralisação das atividades nos últimos anos — ainda assim, a usina continuava operando.
Tentativas de negociação fracassaram
O Governo de Alagoas chegou a negociar com a empresa propostas de parcelamento da dívida, que incluíam como garantia a entrega de 145 propriedades rurais avaliadas em mais de R$ 276 milhões. No entanto, as negociações não avançaram, e a empresa foi classificada como “inviável” pela equipe técnica da Fazenda estadual.
Em pronunciamento recente, o governador Paulo Dantas (MDB) lamentou o encerramento das atividades e destacou a relevância econômica da região. “Vamos unir forças para que Colônia Leopoldina e os municípios vizinhos possam retomar sua atividade econômica. A importância da região é evidente”, declarou.
Fim de um ciclo no setor sucroenergético
Fundada em 1949, a Usina Taquara foi uma das mais tradicionais do setor sucroalcooleiro em Alagoas. Sua falência simboliza a crise enfrentada pelo segmento nas últimas décadas, que já levou ao fechamento de mais de 30 usinas no estado desde os anos 2000.
A trajetória de inadimplência da empresa remonta aos anos 1980, quando passou a figurar em ações de recuperação judicial ligadas ao extinto Prodeban (Programa de Desenvolvimento de Alagoas). O encerramento das atividades marca não apenas o fim de uma empresa, mas o desmonte de uma estrutura produtiva que sustentava centenas de famílias e movimentava a economia da região.
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